Há exatamente 49 anos, deixava-se de gozar da presença física de Bento Bruno de Menezes Costa, ou simplesmente Bruno de Menezes. O poeta, prosador, crítico literário, estudioso do folclore, cooperativista, entre outras qualidades, deixou-nos no dia 02 de julho de 1963, na cidade de Manaus, aos 70 anos de idade, deixando esposa, filhos...filhos naturais e outros filhos de sua poesia, órfãos de sua arte.
Acadêmico do Peixe Frito e um dos Vândalos do Apocalipse, Bruno foi um lutador incansável contra as injustiças sociais e isso se refletiu em sua escrita...arte com função reflexiva, arte-denúncia, arte de visionário...Arte Moderna!
Ainda há muito para se descobrir sobre Bruno de Menezes, grande intelectual de nossas letras.
Foi-se o poeta, mas a poesia estará entre nós...sempre!
Não fosse a alma romântica de nossa raça,
doentia evocação ou uma simples lembrança,
eu não estaria dando vida a estas líricas palavras,
para rever agora a tua imagem sucumbida.
À maneira dos Poetas tísicos e melancólicos,
das Marílias, que aos seus amores
ofereciam violetas e madeixas,
nós repetimos a velha e sempre nova comédia...
E é por isso, que do teu antigo retrato,
onde estás exuberante e sadia,
sorrindo com os teus lábios de polpa sumarosa,
(como se não dormisses à luz dos vagalumes)
se evola para mim o mesmo sândalo de tua carne,
que era rija e colorida como a dos frutos sazonados.
É por isso, que a mecha dos teus cabelos,
negros e capitosos como sabias trazê-los,
e que deixaste como prova de tua faceirice,
parece ainda agitar-se na tua cabeça de Lindóia,
e se encrespa, como um punhado de treva,
entre os meus dedos paralisados.
Talvez seja por isso...
Ou porque não foste a terra inteiramente conquistada,
que os homens espreitavam gulosos e alucinados...
Ou porque, a tua rústica mocidade,
cheirando ao mato e ao rio,
que te viram nua, na tua infância roceira
fizeram de ti uma força jovem;
e como os braços de tantas irmãs-proletárias,
afeitos a lidar com maquinismos e teares,
também terminaste nos necrológios sem leitores...
Publicado no livro Lua Sonâmbula: poemas (1953). Poema integrante da série Poemas a Ismael Nery.
In: MENEZES, Bruno de. Obras completas. Belém: Secretaria de Estado da Cultura, 1993. v.1, p.339-340. (Lendo o Pará, 14)
oi Rodrigo, fico feliz em ver que você está escrevendo aqui de novo, e com poesia, que sempre será bem vinda, ainda mais sendo de Bruno de Menezes. Boa semana.
ResponderExcluirGrato, Katy. Bjos!
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